A beleza existe em tudo - tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e os poetas sabem encontrá-la. - Charlie Chaplin
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Que o medo de cair seja não mais que a prudência de não saber voar. Que a presença dos pesadelos transforme-se na insônia feliz e permanente. Sabe-se lá a vida que tem, mas que a vida só tenha o que saiba. Que o aprendiz seja eterno, aprendendo a brincar em parques enferrujados dentro de uma tristeza desproporcional como um bolo e seu excesso de fermento. Que a inteligência não cale meu jogo de estupidez. Que a paixão desenfreada seja um carro em rua retilínea e eterna. Os postes e acidentes cansam a lataria que ajeita-se na oficina mais cara. Que o peso de papel não seja as lembranças que pesam a minha poesia. Que o racionamento mate a minha fome. Que as horas passem, mas que o passado volte, ainda que não seja presente. Que eu aprenda a amar antes de aprender a rezar. Que a renúncia não seja mais que uma curva na esperança de um novo dia. Que as janelas destruam-se e o céu seja inteiro pela primeira vez. Que o aniversário aconteça todos os dias, mas que o crescimento caiba na palma do meu tempo. Que a preguiça não esteja sempre a disposição da morte. Que as ruínas sejam a metamorfose e a saudade seja esqueleto de museu. Que a dor seja suportável e nunca transbordável, que a vergonha de chorar seja somente a vergonha de me sentir sozinho. E que eu chore, para que a solidão caracterizada de mim veja que lágrima é água e água de adapta em todo corpo físico. Que o sorriso seja a pintura do espelho todas as manhãs. Que a abolição do sofrimento aconteça em breve, porque sofrimentos também cansam de serem escravizados. Que o dia seja noite, mas que a noite seja sempre noite. Que o sentimento seja transformando em máquina, mas que seja a máquina que anda com as próprias pernas e morre sem o próprio coração. Que a raiva construa e que o ódio fortaleça, porque tudo o que amo eu já detestei um dia. Que o vinho do sangue alheio mate a minha sede, quando a adega da fidelidade da solidão secar. Que eu consiga separar o lixo, mas que eu desaprenda a reciclar. Que a minha alegria não seja fútil e teimosa, mas que também saiba ceder espaço para quando a câimbra da convivência com ela chegar. Que o tempo todo seja tempo demais para qualquer coisa. Que dos chuveiros desçam o perdão e que minha alma seja lavada, mas jamais renovada. Experiências já são bloqueios naturais para vermes e venenos. Que a vontade de morrer seja a vontade de virar estrela. Que a infinitude da busca seja a recompensa dos pés cansados de procurar um novo caminho. Que eu possa recomeçar sem nunca ter chegado ao fim da linha. Que tenha um pote de arco-íris no fim do ouro. Que a felicidade da vida seja momentânea e rara, mas também encontrada em todo lugar.
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