A beleza existe em tudo - tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e os poetas sabem encontrá-la. - Charlie Chaplin
terça-feira, 7 de maio de 2013
Fugas e desistências desenfreadas. Pássaros aprisionados pelo ruído da televisão de péssimo áudio, faíscas de Sol encapuzadas pela fraqueza da lâmpada incandescente. Tresloucar para não transparecer. Transparecer fraqueza, nudez de sentimentos, respingos de luares perdidos e estrelas chorosas. Quero despir-me dessa tinta de parede que enche de traças a liberdade conquistada pelo comodismo. O bastante torna-se suficiente quando o essencial aparece além dos muros e paradigmas. Selva de pedra, coração de engrenagens, carne suja por sangue de supermercado e limpa do prazer da caça. As mãos recebem o que comer, os olhos leem histórias tristes quando querem chorar, a boca teme errar o discurso. Nada improvisado, nada antes não ensaiado. Se não riem, o erro é da platéia que não aplaude humores cansados. Se não pranteiam, dê-me cá um punhal de plástico para enfiar na dramaticidade da melancolia assistida. Estou farto e sinto-me ludibriado. Cansei da sensualidade típica das mulheres de Vênus sendo limpa com água e sabão. Eu quero sentir a beleza nua, a fera atiçada com amores impróprios, quero as amantes de dia e noite, rasgando vestidos de seda, comendo guerreiros e transpirando ódio pelos olhos. Cansei de injustiças, quando o velho pede desculpas ao recém-chegado por não saber a gíria da moda. Cansei da hipocrisia de ser apenas ser humano e nunca ser realmente superior. Hipocrisia de quem diz ser feito de cérebro e exala mediocridade. Cansei da raiva banalizada, problemas fúteis. Eu quero lanças, espadas e um quem vença o melhor. Quero duelos, morte, sangue. Quero ver o homem na arena de tigres sem armas na mão, pois cansei da estupidez de querer ser selvagem sem garras próprias. Cansei das regras de sorrisos rasos, pois eu quero afogar-me entre uma felicidade e outra. Se fores para mostrar os dentes como arma de defesa, que assuma o posto de cavalo de raça. Raça humana, animal de mente quadrúpede e pés soberbos. Cansei do céu cinza, pois cinza nada mais é que o falecimento da sensibilidade anunciada. Cansei da televisão, da rotina, dos prédios, das fábricas, das pessoas que não se importam. Cansei de ver o cansaço e o descaso, cansei desse mundo pré-construído. Cansei de implorar pela cegueira, cansei de mim. Cansei da tolerância de quem cansa a vista e só procura um óculos com grau maior.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAprecio muito esse texto, é um dos meus preferidos. Ah, gostaria de dizer-te que o seu tumblr me faz falta...
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