terça-feira, 7 de maio de 2013

Rostos nunca vistos ao espelho, restos e reticências horrorosas. Árvores sem folhas, machas falhadas, calçadas e asfaltos rachados, mato nascendo nas fendas sem fim, pessoas escondidas dentro de mim. Feridas não cicatrizam… Apenas sangram, transmitem impurezas e ressentimentos. Esfrego as mãos, depois recolho-as aos primitivos bolsos, sem sol, sem luz. Passos no chão. Opacos. Cacos de garrafas ao canto, páginas de jornal sujas de rua. Passos secos, cascos de cavalos, cacos de vidro noutro canto, pessoas ocas. Ruído chato de automóvel. Passa uma moto, outra logo após, mais uma… Mais um mendigo na calçada: Passos secos. Mais um mendigo na escada: Passos lentos. Mundo maluco. Pessoas são ruins como também são boas. São assassinas, são meninas, meninos, médicos, sujeitos à todas as virtudes e defeitos que advém propriamente delas. Todos somos um pouco de cada coisa. Somos deuses destilando nossos ódios, somos demônios constituídos de amor. Todos fabricados pelos sonhos de nossos pais, todos fugidos dos prazeres de mentes doentes… Perdidos pelo mundo e pelas palavras. Perdido pelas reticências.

Nenhum comentário:

Postar um comentário