terça-feira, 7 de maio de 2013

No meio de tantos silêncios, eu calo e descalço a minha voz. No meio de tantas formas de mim mesmo, escolhi ser diferente de tudo o que sou. É certo que meus próprios ouvidos não escutam mais os gritos que choro, e meus olhos traidores recusam-se a derramar sangue. E choro tanto que às vezes sou composto puramente de água salgada. Eis o meu penar. Os mares de sal são infinitos, é o que dizem. Ou ninguém se arriscou o suficiente para correrem até o fim do oceano. A acomodação da ignorância é tangível, concreta e branda. E dos mais corajosos corsários, eu sou o pior deles. Escolhi não pontuar-me, e por isso choro esperando que as lágrimas sejam infinitas, sem saber se realmente são. Covardia, insensatez, melancolia e sadismo. Eu, depois de ser meio termo, crepúsculo e morno, vejo que simplesmente não nasci para escolhas. Sobrou-me ser escolhido. E não vejo por quem, além de mim. Sinto-me como um pobre diabo ferido em meio a três mil carniças de amores, rezando pela última bala de misericórdia que mate a sua vil eternidade de sal. E tive o que quis. Perdoaram-me para depois matar-me, e uma alma foi abençoada. Espero que tenha sido a minha, mas ainda não sei. Ainda não sei se escolhi o certo entre morrer pelo orgulho ou morrer por si próprio. Se a morte de fato for um golpe de piedade e se o céu for feito de água, assim como os mares e lágrimas no início de minha loucura escrita e cuspida, que o meu pecado e a minha última bala não tenham sido em vão.

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