terça-feira, 7 de maio de 2013

Talvez nossa história esteja impregnada nos átomos. E você sabe que os átomos constituem a matéria. E não somos mais do que isto, ou somos? Somos aquele tipo de seres humanos que possuem plena consciência de que são seres humanos e, consequentemente, acham que merecem ser mais do que uma espécie de liga de carbono e água? Não. Talvez a água falte tanto na nossa boca que precisamos um do outro. Algo nojento, diga-se de passagem. Depender exclusivamente da respiração do outro é coisa de gente parasita, que suga os erros do outro, e o seu sangue e a sua vida não são tão bons quanto você pensa. Talvez nossas fitas de DNA hibridizado tenham se juntado numa experiência laboratorial qualquer, quando fomos mais indefesos que dois ratinhos brancos, nascidos para salvar a pele de uma geração que implante capilar nas clínicas estéticas. Nossa morte foi fútil, mas digna. Tudo em nome da ciência, tudo em nome dos átomos impregnados na nossa carne, que não é mais e nem menos do que pedaços de pernil pendurados no açougue. A única diferença é que não servimos nem pra churrasco, e os bois ganham vantagem. O mundo inteiro é uma grande Índia, terra onde a vaca é sagrada. Aqui, na Terra, carne humana também é proibido de comer. Indígenas canibais comiam uns aos outros para adquirir virtudes. Louvados sejam os jesuítas, que fizeram os uga-uga perceber que o ser humano não tem absolutamente nada que valha a pena digerir. O antropofagismo moderno virou apocalipse zumbi. E nós temos consciência disso, porque somos diferentes da raça humana. Não somos? Deveríamos ser. Nossa história está impregnada nos átomos, porque átomos o tio ou a tia disseram que são como bolinhas aprisionadas numa caixa completamente opaca. Você balança, ouve o barulho, e imagina o que de tão grandioso tem lá dentro. Talvez seja a origem da vida, mas dane-se a origem da vida. Eu prefiro acreditar que não tenha nada lá dentro. Que a vida seja como uma concha do mar que colocamos no ouvido e temos a sensação de que o oceano está brincando lá dentro, quando na verdade é só o vento que está brincando com a gente. Um pó. Um nada. Nada de destino, nada de amor, nada de superação, nada de companheirismo, nada de saudade. Nossa história, nosso DNA mutante e nossa morte são deduções que estão escritas dentro do que a gente ainda não conhece.

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