terça-feira, 7 de maio de 2013

Qual é a idade certa para ser ridículo? E o que é ser ridículo, afinal? O que é, o que é. Infância não é a melhor época para ser ridículo, porque ninguém se surpreende, ninguém te leva a sério. Só você que acha que seus brinquedos são os mais legais do mundo. Só você que acha que pode chorar por não conseguir o que quer. Todo mundo abaixa a cabeça, é fase, vai passar, num piscar de olhos eles crescem, vou aproveitar e sorrir amarelo enquanto é tempo, enquanto eles possuem bochechas, enquanto não me respondem, enquanto são ridículos. Olha, tia, um cachorrinho. Olha, um passarinho. Olha, olha, olha, olha pra mim, tia, eu consegui comer sozinho. Olha pra mim enquanto eu to sendo sendo criança. E eles olham, claro, com suas máquinas e câmeras filmadoras, para mostrar pra posterioridade o que acham normal demais ver agora. Que bacana, filho, agora fica quietinho aí. E toda a sapiência inútil some quando descobrimos que crescemos um pouco mais todos os dias. É ciência, e não massinha de modelar. Aprendemos que aquela dor nas pernas é dor de crescimento. Parece até irônica a tal da “dor do crescimento”. Dói na mamãe quando saímos do útero, dói no papai quando chega a primeira nota baixa, dói na gente… Porque estamos prestes a ser gente. É o primeiro choque. Depois, todo mundo vai pra um canto. O máximo é uma aglomeração de gente que só quer ser o que não pode. Adolescência não é a melhor época pra ser ridículo, porque não importa o quão certo nós estivermos, sempre vai ter alguém pra dizer: “É novo, sabe nada da vida ainda. Mal saiu das fraldas”. E lá vai aquela dor do crescimento pelo ralo, porque nosso ossos são ciência, e não massinha de modelar. Então a vida fica de nos ensinar que nunca, absolutamente nunca, estaremos crescidos o suficiente pra fazer com que nosso corpo pare de doer. E ser adulto, definitivamente, não é a melhor idade para ser ridículo. Porque você não quer ser ridículo. Não tem nada demais em um cachorro passando, um pássaro voando, e ser visto como criança é uma ofensa. E aquelas filmagens, céus, que vergonha. Como me deixavam sair na rua tão ridículo assim? Quando envelhecemos, quando já criamos nossos próprios filhos e já registramos seus próprios ossos doerem… Não é uma boa época pra ser ridículo, porque ninguém gosta de tomar conta de um velho ridículo. Voltamos a ser uns filhotinhos no canil, muito bem comportados, porque senão ninguém adota. A diferença é que não somos bonitinhos, que não temos mais bochechas, e os ossos doem pela osteoporose. Não há tempo pra ser ridículo na velhice, porque gastamos tempo demais pensando em como a nossa vida foi ridícula, mesmo tendo sido a mais maravilhosa do mundo, no ponto de vista de uma infância gravada em nossos momentos ridículos. Tempo bom que não volta mais… Ossos velhos que já não doem empolgadamente como antes, pois tão bom era saber que se estava crescendo. Respirando. Vivendo a vida que não se vive mais. E qual é a melhor época para ser ridículo? Que pergunta idiota. Ora, não seja ridículo.

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