A beleza existe em tudo - tanto no bem como no mal. Mas somente os artistas e os poetas sabem encontrá-la. - Charlie Chaplin
terça-feira, 7 de maio de 2013
Jamais perguntaram às borboletas se elas preferiam fincar os pés na terra ao invés de morrerem esmagadas em uma janela fechada de carro. Jamais perguntaram às cobras se elas gostam de rastejar pelo chão e gastar as peçonhas com calcanhares de bichos venenosos. Queria eu saber se os pássaros não sentem inveja dos peixes e se as montanhas gostam de dançar. Nunca vi alguém questionar a vida. É porque é e nunca deixou de ser. E se as pegadas não precisassem de pés para serem marcadas? E se as águas não precisassem do vento para formarem ondas? E se a saudade, o amor e as lembranças não precisasse de mim? Difícil enxergar pelo ângulo mais fácil. Brechas e desconfortos são sempre mais cômodos. Nunca perguntei ao silêncio se ele gostava das minhas lágrimas em madrugadas petulantes, nunca quis saber se o travesseiro gosta de tanta inquietação e poesia melodramática. Eu já não gosto de ser quem nasci para ser. Enjoei das minhas olheiras e lábios ressecados, das minhas dúvidas e certezas. Mudar o velho vaso de planta do lugar não me preenche como a rotina. Estou cansado das mudanças não mudarem. Estou cansado de ver Lua e Sol e mesmo assim me sentir como um crepúsculo alaranjado; estou cansado de ser alegre e triste e sorrir largo da mesma maneira; estou cansado de ir à batizados e enterros quando nem mesmo sei em qual deles devo chorar. Afinal, ninguém perguntou para a vida se ela gosta de permanecer ou para a morte se ela gosta de partir. Talvez o que precise se chame “inversos”. Que a tristeza finque o pé no chão um dia e diga que não irá chorar. Que o ciúmes se decida e me convença que meus olhos mentem, e que meus olhos se cansem de enxergar. Ninguém perguntou à realidade se ela é realmente a dona da razão e se a mentira mente o tempo inteiro. Ninguém perguntou aos sábios se eles gostam da loucura ou para os livros se eles conformam-se com teias de aranhas. Ninguém perguntou a minha alma se ela já está cansada de cair em precipícios infinitos. Eu gostaria de saber se a vida gosta de ser vivida, se o espelho é mesmo o que está ao contrário, ou se nós estamos do lado errado. Todos clamam por sabedoria, mas ninguém quer saber de lagartas arrependidas por abraçarem o vento.
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