terça-feira, 7 de maio de 2013

De onde surgem os loucos? Quando somos matéria sangrenta inofensiva dentro de abrigos uterinos, não somos nada além de um lindo e exaustivo tic-tac. Nove meses depois, seremos jogadores de futebol ou bailarinas. Quinze anos depois, isso não dá dinheiro. Médicos, advogados, arquitetos, engenheiros… Cinco anos depois e todas aquelas inúmeras, porém contáveis opções resumem-se em duas: sucesso e fracasso. Antes de nascer, tenha o melhor berço. Depois de nascer, tenha as melhores notas. Depois de crescer, tenha o melhor emprego, o melhor salário, a melhor cara de pau. Depois de ter filhos, tire as melhores fotos deles para mostrar aos piores amigos na mesa do bar. Depois de envelhecer, tenha a melhor casa, o melhor cachorro, a pior solidão. Depois de morrer, seja amado. Loucos? Loucos são aqueles artistas miseráveis que mendigam por um mínimo de reconhecimento. Meu filho? Brilhante! A arma disparou por acidente. Minha filha? Só me dá orgulho. Será solta em um mês por bom comportamento. Se não são filhos de ninguém, de onde surgem os loucos, então? Aqueles desequilibrados, os sensíveis, os genuinamente apaixonados? Aqueles ratos escondidos em meio a poeira da sociedade, escrevendo seus livros com o próprio sangue por não terem dinheiro para a tinta da caneta? Brotos da solidão, da tristeza, da loucura própria que temos escondida no peito, mas escondemos com estetoscópios e antibióticos. Humanos são extremamente falhos. Corte uma fatia pequena, estou de dieta. Eu e minhas duas pernas esqueléticas estamos. Não é nada, só estou com frio. Eu sei, eu sei bem que estou suando, mas não ouse levantar a manga da minha blusa. Depressivo? Eu? Homem não chora. Derramei água no travesseiro ontem a noite. Suicida? Quanta bobagem. Você ainda tem aquelas aspirinas escondidas na gaveta, mãe? Só curiosidade… Só drama, tristeza, paranoia, segredos, loucura. Eu nunca, eu sempre. Quem assume a própria melancolia? Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três… Hipocrisia vendida para o senhor de mãos lavadas, para a senhora que expulsou o filho músico de casa, mas tem a coleção completa de Elvis Presley na estante. Se somos máquinas, há aqueles computadores com vírus que contaminam toda a fábrica de corações programados. Levando para o lado pessoal, é a loucura que nos difere daquele pedaço de carne ensanguentado no supermercado. E de onde surgem os loucos? Da loucura de se dizer humano.

2 comentários:

  1. Plagio da página 946-Poesia, vergonha isso. [Verifiquem a data de publicação.]
    https://www.facebook.com/946poesia

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